Olá amigos!

Espero que gostem ao menos de uma de minhas poesias. Obrigado pela visita brasileiros!

domingo, 1 de abril de 2012

Sai, seo P!


Sai, seo P!



Poesias
de
Wagner Riggs



Dedicatória



A Deus Pai, Filho e Espírito Santo pela cria, pelos cuidados, e pelo amor antigo, contemporâneo e eterno.



A meus pais, pelas palavras mágicas, pelo carinho e pela educação.



A meus professores que desde o princípio se acostumaram a viver um pouco de mim.



À minha esposa e companheira que nos altos e baixos sempre me ouviu e assim somos ouvidos um ao outro.



A meu filho, que na fraldinha sempre deixa uma mensagem subliminar.



Aos amigos do Facebook, Orkut e Twitter.



A todos os meus amigos que uma hora ou outra riram comigo, me abraçaram ou simplesmente me chamaram de palhaço.



E, é claro, a todos os palhaços do mundo, pela alegria e inspiração de todos os meus dias.


---x---x---


Um dia, uma criança disse:
Quando eu crescer vou ser jornalista!”
Sua mãe queria que ele fosse médico.
Então ele realizou o seu sonho.
Ambíguo, não?



---x---x---


Nem tudo é engano. Mas, na maioria das vezes em que viajamos através de sonhos ou pensamentos, a então “realidade aparente” se desfaz no momento em que acordamos. Assim ficamos melancólicos e até mesmo tristes. Porém, é através dessas viagens que idealizamos nossas vidas e vivemos um pouquinho de luxo, de alegria e de êxtase.

---x---x---



ÍNDICE


8 – Medo de amar/9 – Terra seca/10 – O peso do amor/11 – Bramaram as ondas do mar/12 – Calendário/13 – Engano/14 – Provar o teu gosto/15 – Verdadeiro amor/16 – Tenor/17 – Nossa canção (música)/19 – A fortuna e a miséria/20 – Fortaleza/21 – Sermão da montanha/22 – Guerra de papel/23 – Antes de um grave acidente/24 – Meio irmão/25 – Beija-me/26 – Arte no espelho/27 – Trabalhador/28 – Não espartano/29 – Fome/30 – Obrigada, Conceição!/32 – Futebol/33 – Cone no céu/34 – Todo dia é poesia/35 – Culpa/36 – Russo brasileiro/37 – Artesã/38 – Feronômios/39 – Pássaro ferido/40 – Tigre triste/41 – À luz de Deus/42 – Só/43 - A mosca na cana/44 – O enterro da libélula/45 – O pombo/46 – Pantanal (soneto)/47 – Brasileiro/48 – Perseverar/49 – Passeio da saudade/50 – Poeta do amor e da paz/51 – Esperança/52 – Íntimo amigo/53 – Universo/54 – Calma boi!/55 - E a voz no vento vai/56 – Música do engano/57 – As águas do mar/58 – Haicais/59 – Sobre o autor

---x---x---


8 – Medo de Amar

O amor é o sentimento mais temeroso
Mas buscamos amar eternamente
Sabemos que a procura é temente
E que o coração, às vezes, é medroso

O “eu te amo” é meigo, encantador
Quando dito em hora não marcada
Trás a chama do amor alí cerrada
E transmite um calor abrasador

Mas, se o medo se transforma no desejo
Com carinho sóbrio, sensual, irreverente
Ser sincero, imaculado, inocente
As palavras cessarão com um beijo

Os temores nessa hora somem
E os lábios contarão segredos
Pois não há como lembrar dos medos
No regozijo de mulher e homem

---x---x---

9 – Terra seca

Hoje o sol veio mais forte
Onde a seca racha o chão
Do esquecido sertão
Que no mapa fica ao norte

E, mais um dia, o sertanejo
Pega na enxada morta
No desejo de uma horta
Lha  vida no manejo

Mas, na terra da poeira
Que é tempo diferente
Seria a água um presente
Para o povo da ribeira?

Esperança prevalece
No que todo dia acorda
Se anima ou discorda
Do que a terra lhe oferece


---x---x---

10 - O peso do amor

Num dia quente, o Sol
Luzindo fios, contente
O homem que pesca na frente
Primeiro guarda o anzol.

Em seu mosteiro remanso
Mais tempo para agradar
Àqueles que pesa amar
O pato, o porco, o ganso.

À tarde lhe finda a obra
E o sol que promete voltar
Se põe, o ocaso ocular
Pra casa se faz a manobra.

Na mesa daquele homem manso
Que amou o que agora são sobras
Recomeça amanhã suas obras:
O pato, o porco, o ganso.



---x---x--- 


11 - Bramaram as ondas do mar


As águas salgadas num silêncio valioso
Aos poucos empurram em seu movimentos
As gotas num todo se arranham com ventos
Em rumo da areia, um quebrar primoroso

Molhando a areia retornam calmas
Com tudo que a força lhe fez apanhar
E sem distinção, sua lei é afogar
Os sábios, ciganos, beltranos, as almas

---x---x---


12 - Calendário

Peixe livre no aquário imóvel
Pedras, um castelo, bolhas
Verdes que não caem as folhas
De fora, no calendário, um automóvel.

Pois os dias se demoram, tranqüilos
E nunca se completa o mês
Se o ensinasse quem o fez
Não apreciaria agora dois esquilos.

Peixe livre no aquário. Beijoqueiro
Conhecendo a vida do urbano
Que levou a folha desse ano
E deixou agora um motoqueiro.

E vendo a máquina, a rua
Não sentiu nenhum prazer
Vontade crua de dizer
Onde está a seminua?

---x---x--- 


13 – Engano

Menina que passa sorrindo
Me olha, domina, me ganha
Na palma da mão me apanha
Me entrego acordado e dormindo.

Menina bonita, mulher
Aludiu-me a um compromisso
Onde eu vivo submisso
Um reprodutor qualquer.


---x---x---


14 – Provar o teu gosto

Bom é estar contigo
Nossas mãos entrelaçadas
Como num conto de fadas
Ser seu verdadeiro amigo

Bom é te ver sorrindo
Fazendo-me sorrir também
Descer do ônibus, pegar o trem
E no seu ombro estar dormindo

Bom é acariciar o teu rosto
Desmanchar seus cabelos
Apreciar os teus zelos
Provar o teu gosto

Bom mesmo é te invadir
Beijar teu corpo sedutor
Te encher do meu amor
E jamais me despedir 


---x---x--- 

15 - Verdadeiro amor

Em algum lugar do passado
Relembrando sua face charmosa
E roubando para ti uma rosa
Senti o amor ao meu lado

Me convencendo, tremi, provocante
O medo já não me fazia mal
Senti o cheiro como um animal
E violei-a com nervo cortante

E vendo tua face nova
Que humanos duvidam, mas valeu
Pois não foi Arthur nem Romeu
E sim, verídica prova

Que quem desiste não sabe o sabor
Dos céus que não têm tamanho
Não há perda, mas ganho
Para flertar-se com o grande amor.

---x---x--- 


16 – Tenor

Subiu.
Platéia cheia.
Concentração.
Oxigênio.
Pulmão,
Respiração.
Abriu
A caixa cheia
De melodia,
Harmonia.
Calor.
Dor...
Amor.
Saiu.
Aplaudido.
Consagrado.

---x---x---

17 - NOSSA CANÇÃO


Se eu tivesse uma chance de mostrar que me arrependi,
que estou aqui chorando e cantando essa canção, cantiga eu fiz pra ti,
transformando a palavra amor

Em arma poderosa, em grande dimensão
Em chuva de sentidos, sonho, sedução
Numa palavra tão sofrida que se chama dor

Se eu cantar essa canção
Seremos tudo de novo:
Sonhos pra sonhar

Se eu cantar essa canção
Faremos tudo de novo:
Bocas pra beijar

Se eu tivesse uma chance de falar: “ Eu estou aqui! ”
Voltei porque te quero andando, passeando, feliz de tanto rir
dessa minha sapiência

Vou transformar esse poder em tudo pra nós dois
E os molhados vão sentindo seduções
E depois da chuva vem no céu a sua cor

Se eu cantar essa canção
Seremos tudo de novo

Sonhos pra sonhar

Se eu cantar essa canção
Faremos tudo de novo
Bocas pra beijar

Se eu cantar “nossa canção”
Faremos tudo um pouco
Sonhos pra sonhar
Bocas pra beijar

Lábios pra dizer eu te amo.


---x---x---

19 - A fortuna e a miséria

Poucos ricos empobrecem
Trabalho, trabalho e sorte
Trabalho, trabalho e morte
Poucos pobres enriquecem

Fortuna é forte. É poder
Para tê-la é morte, é barganha
Usando a faca que arranha
Não pode parar de crescer.

Miséria é fraca. É morrer
E não deixar rastros de sua existência
Banalidade: o trivial da aparência
Descalço, infeliz, por fazer.

Um segredo: fortuna e miséria
Não são tão diferentes
São fartos, são carentes
Porém feitos da mesma matéria.

---x---x---

20 - Fortaleza

Com cuidado, no colo te acento
Faço súplica pelo teu sorriso
E venero o seu rosto liso
Quando piscas no soprar do vento.

Se me chamas eu não me demoro
Se me aclamas eu me envaideço
Neste afeto eu não vejo preço
Se adoeces eu contigo choro.

Tanto pranto para celebrar
Na beleza desse seu sorriso
E adivinhas o que eu preciso
Só um nome para me chamar

Pai , filho, uma grandeza
Num só feliz momento
Água, fogo, terra e vento
Prata, ouro, fortaleza.


---x---x---

21 - Sermão da montanha

Sob a pedra da montanha
Pensando na imensidão dos lados
No segredo dos verdes-gados
E na profanação tamanha,

Mato fino caindo no queixo
Recordo o passado tempo
Que se perdeu no vento
E se separou do eixo.

Mas as causas foram justas
E me sinto até satisfeito
Não tem jeito o jeito que rejeito
Ser refeito sob as suas custas.

Pois o homem é forte, mas “dá bobeira”
E tem quem nasce e vive na onda que quer
Não dá valor à sua mulher
Nem à rica-pobre madeira.

---x---x---

22 – Guerra de papel

Defeito do homem: ele erra
Ideologia mal elaborada
Ressentimentos de tal cartada
Que no caos se encerra.

O homem é mau, é fraco
Mediante a força da natureza
Não tem grau de esperteza
E abre em si um buraco.

Na mente, no coração, no amor
Se farta de matéria e dinheiro
E octagenário, ferido por inteiro
Desfalece no plano da dor.

Mas se o homem é fraco e erra
Que ele mude o pensamento
E sopre poesia ao vento
E afronte a ideia de guerra.

---x---x---

23 - Antes de um grave acidente

Num dia chuvoso uma pessoa me parou
Fiquei surpreso com aquela relação
Não conhecia sua vida nem seu chão
Mas dediquei-me ao ouvir. Não demorou

O vento que bem forte varria a rua vazia
E as águas sujas que vinham se juntando
Meu equilíbrio ia rápido aumentando
Mas não deixava de ouvir o que ela dizia

Não era um assunto assim, tão importante
Mas valioso para aquele grande momento
A mãe natureza que soprava o vento
Não me distraiu. Eu a ouvia confiante

Mas num instante, que tudo se acalmou
E eu já a ouvia com desprezo, não queria
A atenção que lhe dei naquele dia
Foi o tempo que da morte me salvou.

---x---x---

24 - Meio irmão

Olhando o céu ornado de candura
Que as vezes muda sua forma mística
Mostrando sua potencialidade artística
Me livro do instante de amargura

Sofria com a morte de alguém especial
As lágrimas não me paravam de sofrer
E mesmo quando havia algum prazer
Não superava a rotina do meu mal

Procurou-me o tempo em que viveu
Sendo humilde, educado, obediente
Tratando-me como um irmão - presente
Mas perdeu-se no submundo ateu

Hoje, esqueço de vez sua pintura
Que na caixa exalava cheiro forte
De covarde que brincou com a morte
Repousa no escuro, sua brancura!

---x---x---

25 - Beije-me

Beije-me!
Estou doente...
Careço...
Repare...
Verdade...
Beije-me!
Cura-me...
Meus olhos não mentem
Olha-me...
Vês?
Imploro
Beije-me!
Faleço...
Percebes?
Não minto...
Vem...
Beije-me!

---x---x---

26 - Arte no espelho

Do tempo, uma natureza
Do tempo, uma matéria
Da matéria um pensamento
Do pensamento, um objeto

No objeto vê-se o rosto
No rosto, vê-se a arte
Na arte vê-se a calma
Do objeto refletindo a alma

---x---x---

27 - Trabalhador

Nos braços, pernas, calcanhar
Nos olhos, ombros, cabeça
Não há ouro que o enriqueça
Se o seu coração parar.

Contudo, a vida vai em frente
Ele, sábio que persiste
Pois o seu amor existe
É o seu maior presente

---x---x--- 

28 – Não espartano

O cavalo trotava distante
Ainda ouvia o barulho no ar
Meu rei foi batalhar
No reino do apavorante

Eu quis ajudar meu amado
Mas algo em mim me faltava
E mesmo que eu tenha a mão brava
Não pude partir ao seu lado

Fiquei esperando a bonança
As tropas vitoriosas
Alegres, jogavam-nos rosas
Enchendo-nos de esperança

O rei me pergunta: E tu?
Curvando-me disse: Fiquei
Torcendo por ti, oh rei
Para que não retornasse nu

---x---x---

29 - Fome

Certo dia uma criança
Que não tinha o que comer
Fez o dia lhe valer
Era cheio de esperança

E armado de um facão
Adentrou na mata amiga
A procura de comida
Vendo a fome do irmão

O seu pai contava os grãos
Não percebe sua saída
Estava arriscando a vida
Confiante em suas mãos

E voltou com muito ardor
Com a comida a se mexer
Seu pai vendo-o tremer
O abraçou com muito amor

---x---x---

30 – Obrigada, Conceição!

  1. Bom dia!
  2. Belo peixe, Maria!
  3. De onde vem?
  4. Dali do armazém
  5. E tem mais algum?
  6. ...Acho que sobrou um
  7. Você pode me esperar?
  8. Não. O meu pode estragar...
  9. Juro que não demoro!
  10. ...Então vá enquanto eu oro
  11. Vou voando
  12. Vai que já tô orando
  13. … … …
  1. Bom dia seu Joel!
  2. Aqui na terra como no céu...
  3. Me vê aquele peixe da bacia
  4. O pão nosso de cada dia...
  5. Sorte não tê-lo vendido
  6. A quem tem nos ofendido...
  7. Dê lembranças ao Juvenal
  8. Mas livrai-nos do mal...
  9. Voltei, Maria!
  10. Vai ser triste o meu dia...
  11. Cadê o peixe que carregava?
  12. O gato roubou enquanto rezava
  13. Porquê Deus o deixaria fazer?
  14. O bichinho não tinha o que comer...
  15. É...Eu reparto esse meu salmão...
  16. Obrigada, Conceição!!!

---x---x---

32 - Futebol

No estádio, com a torcida ansiosa
O atleta é poeta inspirado
Esquecido do rubor, atento, concentrado
Na bola passiva, submissa, preciosa

---x---x--- 
33 – Cone no céu

o pato é o regente

do cone no céu

cortando

ar

---x---x---

34 - Dia de 

Estarei
plantando amor
cessando dor, colhendo flor

Ficarei
olhando só
desatando nó
soprando pó

Celebrarei
cantando orações
descansando tendões, trabalhando pulmões

Aplaudirei
dividindo o céu

Eu preciso desse
amor


---x---x---


34 – Todo dia é poesia

Quem criou a poesia
Que me toca o coração
Essa explícita emoção
Ah, meu Deus, que a faria?

E feliz por poder ler
A força da sabedoria
Que eu mesmo não sabia
E não sou farto do saber

Água limpa cai do céu
Quando a batatinha nasce
Sua amiga era a alface
Que a cobria como um véu.

E, voltando à poesia
Que tornou-me bem mais forte
Levo tudo até à morte
Escrevendo todo dia

---x---x---

35 – Culpa

Culpa
Culpa minha
Minha culpa

Por que preocupa-me
E ocupa-me?

Culpa
Minha culpa
Culpa minha

Por que me culpas
Dessas corruptas
Culpas?

---x---x---

36 – Russo brasileiro

Nosso dia vai chegar”
Dizia o poeta brasiliense
Que andou por fluminense
Inspirou-se à beira-mar

Somos o futuro da nação”
Foi uma frase marcante
Esperança no instante
Em que ouvia a canção

E o poeta foi morrendo
E às estrelas se entregou
E não mais nos ajudou
Quando estávamos vencendo

Hoje entendo sua agonia
No falante descontente
Mas foi firme no batente
Construindo harmonia

---x---x---

37 - Artesã

Aranha como artesã
Tece com fio inteiro
Mas logo pela manhã
Usa e fere o parceiro

---x---x--- 
38 – Feronômios

Os rabiscos amarelos estampados
Que aviva o vestido de uma “dama”
Com vermelho lembra uma chama
Que atiça feronômios desbocados

E ajeitando os cabelos ao vento
Que deslizam por entre os seus dedos
Fantasia confusos segredos
Ultrajando obsceno momento

Que só o homem pode conceber
Pois a mente imunda, pecaminosa
Oferece tudo por uma amistosa
Relação pequenina de prazer

E, se o sexo é o grande momento
Que fere a cativa de sua mulher
Trocada, pedaço de pano qualquer
Pereça agora em seu grande lamento

---x---x---

39 – Pássaro ferido

Idealizou-me

seduziu-me

entreguei-me

Mas, quando eu estava forte

Abandonou-me

E mostrou o defeito que todos têm

Voou

---x---x---

40 – Tigre triste

Tigre triste na floresta
Onde a noite predomina
Qual humano que ilumina
Uma faca em tua testa?

E mesmo estando triste
Continua um tigre sendo
Devorando e comendo
Por que tal pavor existe?

Quem te fez tanta maldade
Para que mandas ao caixão
Mesmo as sobras no chão
Que apodrece na cidade?

Tigre, tigre da floresta
Nosso chão é toda a Terra
Nosso Pai no amor não erra
Ele é tudo o que nos resta

---x---x---

41 – À luz de Deus

Um punhado de luar passa pela janela
E diz que procurou-me para dizer
Que minha alma resiste, sem temer
Como um antigo quadro em aquarela

E Sua luz entrando em mim
Chamando-me de Homem vencedor
Lavando-me do ódio, do rancor
O vi regando o meu jardim

Recebo, então, feliz, este presente
Prometo que a vida vou viver
E até chegar o dia de eu morrer
Cuidarei com amor desta semente

O Homem, numa atitude tão singela
Planta o amor e a paz no coração
E recebe,de graça, a unção
Se um punhado de luar passar pela janela

---x---x---

42 – Só

O que me vale lembrar de você nesta tarde fria
Se estás nos braços de alguém que te enganou
E com os cheiros das flores te conquistou
Distanciando-te da minha vida sombria?

O que me vale ficar lamentando nesta solidão
Se não é para mim a tua rica fragrância
Que ainda a sinto, apesar da distância
E não fui atento o bastante ao seu coração?

O que me vale cantar sem emoção neste palco
Se não vejo mais a tua boca a me acompanhar
E nenhum pouco do brilho do teu olhar
Que seduzia-me, embriagava-me como álcool?

O que me vale escrever mais um pouco
Se não tenho mais motivo
Sou cativo
Louco?

---x---x---

43 – A mosca na cana

Na cana de açúcar a mosca degusta
O caldo gostoso descendo a garganta
Enorme cuidado com o homem que a espanta
Um tapa acertado, a vida lhe custa

Às vezes somente é só um passeio
Mas, firme o sol, acelera o cheiro
E o que custaria o dia inteiro
Consegue em segundos o doce recheio

Existe um mundo de muitos petiscos
Mas nada se compara ao suco da cana
A bala, o refri e o chiclete que engana
Não a faz valente a correr esses riscos

E tudo se passa de cria para cria
Que o suco da cana é fortificante
E nada se paga ao valor desse instante
A mosca da cana que ganha o seu dia

---x---x---

44 – O enterro da libélula

Na elegância de uma amoreira
Que exala cheiro agradável
Pousa uma libélula amável
Recém chegada da laranjeira

Um pouco distante, um formigueiro
Aparente morrinho inofensivo
Há algo sendo enterrado vivo
Com habilidade de um engenheiro

E observando a inquietação
Daquela libélula terna
Percebo a reação materna
Ao ter tamanha decepção

Pois saira da laranjeira
À procura do filho primeiro
Mas formigas sentiram seu cheiro
Enquanto dormia numa cerejeira

---x---x---

45 – O pombo

Na ponta de um edifício
Onde o vento sopra mais forte
Resiste à dor de um corte
Num severo sacrifício

Ainda que a dor persista
É necessário se alimentar
E, com proeza, se curvar
Para que o corpo resista

E o dia, assim, se passou
E sua missão foi cumprida
Pois salvara a própria vida
E esperançoso, voou

Assim continua a vida
A quem pode acreditar
Que mesmo sabendo voar
Não está livre da ferida

---x---x---

46 - Pantanal (soneto)

Oh! Pantanal de diferentes cantos
Que à vida nua proliferastes paixão
Amo teu verde e teus luxuosos prantos
Choro por ver-te decepado no chão

Oh! Deslumbrante fulgor mestre em prol do ar
Pequenas onças nascerão nas suas mãos
Cresce a confiança em tua mania de cuidar
Abrace as feras como acolhes os grãos

Quando o perigo chegar à tua margem
Faça da brisa a nunca vista aragem
E destes homens sumirá a coragem

Pois se a crueldade em torno ao verde gira
Jogue-as no fogo e queimarão na pira
Se os homens maus não prestigiarem tua ira.

---x---x--- 

47 – Brasileiro

Eu sou todo brasileiro
Trinta anos de calvário
Nos próximos, sedentário
Perfeito homem mineiro

É daqui que sái o leite
Pelas dúzias do país
E que faz gente feliz
Pois não há quem o rejeite

Fico abaixo da linhagem
Que me cobre de alegria
E floresce a cada dia
Cotemplando a aragem

---x---x---

48 – Perseverar

Cabisbaixo segue o pobre
Rico de fé, imutável
Coração duro, inviolável
Perecível a carne que o cobre

E no passeio vespertino
Sol rebenta no horizonte
Ele almeja uma fonte
Desde que era um menino

Vai para casa, vai pro sol
Cuanha o cabo na destreza
Nunca falta em sua mesa
O que fisga no anzol

Segue o homem independente
Que caminha contra o vento
No seu íntimo momento
Nos cabelos passa o pente

---x---x--- 
49 – Passeio da saudade

Passeando pelas ruas assombrosas
Que intimida os fracos, decadentes
Memorizo as placas adjacentes
Com nomes de pessoas honrosas

De onde venho o mato arranha
Nem há casas tão bonitas
Minhas casas favoritas
São do “barro” e da aranha

E aquí tudo se encontra
Massagem, rabugem, favor
Ladra, beleza, humor
Bandido que a polícia afronta

Vou largar o meu emprego
E voltar para minha roça
Deleitar da minha choça
Onde mora o meu chamego

---x---x--- 
50 – Poeta do amor e da paz

Um coro de anjos cuidava da Terra
Quando O grande poeta se pôs a falar
Sua poesia parava o mar
Falava de amor e nunca de guerra

Aqueles que O ouvia sentia paixão
Verdadeira vontade da vida viver
E os erros passados reconhecer
Trocar a inveja pela educação

Suas palavras espalhavam-se na Terra
Mas nem todos amavam Sua sabedoria
Palavras firmes, fina poesia
De quem harmoniza, ensina e não erra

O Grande poeta venceu satanás
E suas lições não perderam a luz
E quem as aprende conhece a Jesus
Humilde poeta do amor e da paz

---x---x---

51 – Esperança

O Senhor é tão bondoso
Puro, único , verdadeiro
Que me tira do espineiro
Com Seu toque poderoso

O Senhor é tão sincero
Justo, íntimo ao crente
Que afagas ao temente
Sem deixar de ser severo

O Senhor é poderoso
Que mesmo ao homem errado
Ainda lhe é perdoado
O ato pecaminoso

E por ser tão tolerante
Dá esperança ao humano
Que negou a todo o engano
E renovou o seu semblante

---x---x---

52 – Íntimo amigo

Divina é a força que tudo afronta
Remove as feridas, destrói o inimigo
E floresce as manhãs do Seu íntimo amigo
Que senta à mesa da comida pronta

---x---x---

53 – Universo

A Lua é melancólica
Assim sempre vai ser
Pra quem acha que sofrer
Depende da luz simbólica

O Sol é contagiante
Também, sempre vai ser
Pra quem sabe que viver
Depende do fogo distante

As estrelas são benditas
Cada uma em seu lugar
Não há como assimilar
Solitárias, infinitas

O Universo é a ausência
Que jamais se revelou
Pois foi Deus que o criou
Pra loucura da ciência

---x---x---

54 – Calma boi!

Calma boi! Deixa eu passar!
Ninguém passa aqui, eu sei...
Mas se o sossego lhe tomar
Nada mais eu lhe direi
Vou passar devagarinho
Sem amassar teu ninho
E, quando a cerca ultrapassar,
Eu te faço um carinho
E envio tua mensagem
Para todos no caminho.

---x---x---

55 - E a voz no vento vai

Ah, eu vou para o meu Pai
E antes que eu adormeça
Na sombra eu pereça
A voz no vento vai

---x---x--- 


56 – Música do engano

Arranjos enganadores
Que, entre aspas, chamam-se canções
E assim cativam corações
Como os velhos trovadores

Crianças nascem sob a melodia
Que, entre aspas, anima multidões
Logo serão milhares, milhões
Perdendo-se na rústica sinfonia

Músicos, perdoem os arranjadores
Que, entre aspas, são maestros considerados
É preferível que fiquemos calados
A sairmos como perdedores

Porque a nossa poesia não podem entender
E, mesmo que queiram, isto não é possível
Pois a música é o sentimento invisível
Que só os “de fato” conseguem o ter

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57 – As águas do mar

Atenção Marinheiros!
Vamos apresentar
O espelho da Lua,
As águas do Mar.

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58 – Haicais

Sou frágil assim
Como asas de siriris
Que colam em mim

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É mágica a mente
Magicamente mágica
A mente da gente

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Olhos tristes, só
O que atormenta-os
Senão esse pó?

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Selo, selo cola
Este céu no meu papel
Do país da bola

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A quarta pessoa
Que está na fila do pão
Namora uma broa

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Ai, minha senhora!
Como fere estes galhos
Deste pé de amora!

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59 – Sobre o autor, por Caio Gracco
Sua carreira começou aos 12 anos, dois anos após ter ganhado um violão do seu avô, também músico, e começou a acompanhar um músico do bairro nas casas noturnas das cidades de Barueri e Santana de Parnaíba. Mesmo sendo menor, entrava com facilidade nas "baladas", pois nessa idade  estava perto de 1,80 de altura, por isso o apelido “Wagnão” prevalece até hoje. Começava, então, as famosas “canjas. Nessa época ele tocava Roberto Carlos, Guilherme Arantes, Roupa Nova, mas o rock nacional  chegava com força. Desde então, nas suas canjas, começou a variar MPB com as  famosas, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, entre outras. Ficou conhecido. Isso lhe trouxe o convite para formar sua primeira banda, a Oásis. Vieram, então, convites para cantar e criar jingles - inclusive participou da primeira música do candidato Eymael - e músicas para eventos de esportes radicais.

Neste período, a banda participou de uma coletânea com a música “E Roma ali tremeu, que lembrava o atentado ao Papa João Paulo II.  bem íntimo das letrascomeçou a compor para outros músicos e também a participar de festivais, vencendo três festivais estudantisum regional, um interestadual e um vice estadual. Considerando o festival mais importante de sua carreira, o Festival Sol Girassol, onde recebeu o prêmio de  colocado e de melhor intérprete, foi o que lhe rendeu muitos contatos. Entre eles a produção do programa Boca Livre - TV Cultura, 1987, Kid Vinil / Dada Cyrino - Geraldo Vandré, Ítalo Nascimento, produção dos festivais do campus da USP, inclusive foi convidado a ser membro do CORALUSP e integrou um dos grupos em 1989, como barítono, onde realizou vários concertos corais sinfônicos, como Carmina Burana (Orff).


Ao longo da carreira foi vocalista das bandas de rock Oásis (1986), Produto Nacional (1990), T39 (1991), Figura G, 3 em1, Aguibabá (1992)Fábrica (1997), L.U.C. Cover (Legião Urbana Cover, em 1998)além de carreira solo como Wagner Riggs (1994 e 2010).






É um dos músicos mais antigos da cidade de Carapicuíba em atividade e, ao lado de grandes nomes da região, como Netinho de Paula, Grupo Introdução, Thais Araujo, Renato Firme, Junior e Claudio, Lellis e Lennon, DBS, vem representando muito bem a cidade na mídia. No site da OiNovosom  está entre as músicas mais baixadas e o acesso ao seu perfil cresce a cada dia .

Autor de quatro CDs (um com a banda Oásis, dois com a banda Fábrica e um solo como Wagner Riggs) e da Coletânea “Sem música, sem ar” (2010), Wagner Riggs crê que “o sonho  termina quando morremos, pois ele disse que jamais desistirá do seu maior objetivo, citando como exemplos, Cartola que  gravou seu  disco com 65 anos de idade, a banda P.O.Box, e o cantor gospel Regis Danese. “Música não tem idade, é  saber fazer e correr atrás. “Ao longo do tempo fui levando as músicas certas nos lugares errados, visto ter gravado rock em época de lambada, samba, sertaneja. Pra se ter uma idéia, eu abri um show do Grupo Katinguelê (Barueri/SP). Havia cerca de vinte mil pessoas, mesmo assim não fui vaiado. Eu fui esperto rsrs. No repertório, além de minhas músicas, tinha “Descobridor dos sete mares”, de Tim Maia, e “Pais e filhos” da Legião Urbana, quase todo mundo gosta.

Reconhecido na grande São Paulo e interior por ter vencido vários festivais e ter tido destaque na rádio Transamérica (FM 100,1) através da banda Fábrica, em 2005, ele admite que sua maior oportunidade foi no final dos anos 80 quando havia espaço para novas bandas, mas segundo ele, “nós  pensávamos em namorar... música era segundo plano. Considerando que nesta época ele  havia gravado seu primeiro disco, realmente faltou um pouco de empenho, mas isso agora tem de sobra. O seu trabalho, como ele mesmo diz, “é bem simples, pois já tive trabalhos bem planejados e não ficaram muito bons. Outros na correira que ficaram ótimos, como o CD Azul, com a banda Fábrica.

Wagnão também teve uma aproximação com o Rap e a Dance Music. Trabalhou como locutor em uma rádio local no programa Club Dance com os DJ´s Rico, Sheik e Cia DJ (RZO). O DJ Erick 12 (Facção Central) fez a batida da música Gabriela (CD Fetiche, banda Fábrica, 2003), além da mixagem. Foi colega de trabalho do cantor Sandrão (RZO) onde, em 1996 trocaram seus “bolachões” no “trampo” (Faculdade de Medicina Veterinária da USP). Foi um grande ato de boa sorte para ambos. Ganhou uma ajuda de Clemente (Inocentes, Plebe Rude e ex-diretor artístico da Paradox) e Ana Maria Braga (Globo), mas o momento em que a música brasileira se encontrava ainda não propiciava o espaço desejado..



Desde 2010 vem divulgando seu trabalho como escritor. Escreveu dois livros de poesias: “A poesia dos enganos” (2010), ainda não publicado, “Sai, seo P” (2012), e um romance “Muito tempo para mim, que será publicado em julho/2012.

Recentemente ficou em  lugar no Festival 7 copas de Guarulhos, São Paulo, competindo com 21 bandas de todo o Brasil. (FEV/2012).


http://oinovosom.com.br/wagnao



Bibliografia
Sai, seo P!”, Poesias de Wagner Riggs, R4, 2012
Discografia:
1985 - Single "e Roma alí tremeu" banda Oásis - Coletânea
1988 - Single K7 "Cidade, cidade" - banda Produto Nacional
1994 - LP "Cidades Planetas" - Solo (como Wagner Riggs)
1997 - CD "CD Azul" - banda Fábrica
2003 - CD "Fetiche" - banda Fábrica
2010 - Coletânea "Sem música, sem ar"
Wagner Riggs é Professor de Letras, Jornalista, Assessor de Imprensa, Escritor, Cantor e Compositor.
warig@ig.com.br
© 2012 R4 Editora
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